Ler História 42 / Abril de 2002
Dossier: Política Externa no Estado Novo
Pedro Aires Oliveira
Portugal perante a crise italo-abissina de 1936Elsa Santos Alípio
Processo Negocial da Adesão de Portugal à EFTA (1956-1960)
Luís Nuno Rodrigues
Os Estados Unidos e a Questão de Goa em 1961
Estudos
Francisco Santana
Senhores e escravos em alforrias setecentistasAna Cardoso de Matos
Indústria e Ambiente no Século XIXPedro Lains e Fernando Costa
Portugal e a Guerra Anglo-BoerDulce Freire
Sector Vinícola contra Organização Corporativa (1933-1937)Hernâni Resende
Pensamento Filosófico de Vasco Magalhães-Vilhena
Documentos em Estudo
Maria Lucília Estanco e Ana Luísa Paz
Uma Memória Esquecida sobre a Guerra de 1914-1918: a Batalha de La Lys
Actualidade Científica
Resumos
Ler História 42 / 2002
Portugal e a crise-italo-abissina (1935-1936)Em 1959, o imperador etíope, Hailé Selassié, efectuou uma visita oficial a Portugal. Nos discursos da praxe, o chefe de Estado africano e os responsáveis portugueses fizeram abundantes referências aos laços históricos que uniam os dois países desde o século XVI. Nessa evocação da amizade luso-etíope, porém, um episódio parece ter sido deliberadamente omitido: o papel desempenhado por Portugal na Sociedade das Nações aquando da agressão da Itália fascista à Abissínia. Quais os termos exactos da actuação portuguesa nessa crise? Porque é que até determinada altura a defesa da independência abissina mereceu um apoio praticamente sem falhas do governo de Lisboa? E quais os motivos do volte-face operado por Portugal em 1936, quando chegou a altura de endurecer o regime de sanções imposto à Itália? São estas as questões que este artigo pretende dar resposta.
O processo negocial da adesão de Portugal à EFTA (1959-1960)Com base em documentação recolhida em arquivos portugueses e no Public Record Office, reconstitui-se o processo negocial da adesão de Portugal à EFTA. Não se tratando de um estudo de carácter económico, foi objectivo da autora identificar eventuais motivações políticas na participação portuguesa nas negociações seguindo, para tal, o posicionamento do governo britânico e a sua atitude relativamente a Portugal. Por essa razão, partiu-se de 1956 - ano da proposta inglesa de uma vasta Zona de Livre-Câmbio -, na convicção de que a criação da EFTA decorreu de dois momentos negociais.
Os Estados Unidos e a questão de Goa em 1961O presente artigo analisa o comportamento político e diplomático do governo norte-americano a propósito da chamada questão de Goa, nomeadamente nos meses que antecederam a invasão militar dos territórios portugueses por parte da União Indiana, em Dezembro de 1961. Procura-se igualmente explicar as razões que justificaram o comportamento norte-americano em relação a esta questão, bem como avaliar o seu impacto nas relações luso-americanas. Na sua parte inicial, o artigo contém igualmente uma breve análise do posicionamento dos Estados Unidos em relação à questão colonial portuguesa no período posterior à II Guerra Mundial.
Senhores e escravos em alforrias setecentistasNa segunda metade do século XVIII, quando o tráfico internacional de escravos atinge o seu auge (e é também intenso dos domínios portugueses de África para o Brasil), a escravatura no reino é objecto de medidas legislativas que, a prazo, acarretariam a sua extinção. Este artigo baseia-se numa centena de alforrias registadas em cartório entre 1756 e 1791 e procura dar resposta a uma tripla interrogação: quem alforriava quem? Como? Porquê? Com a segurança que a documentação permite, é definido o perfil de manumissores e manumissos, apuradas as várias modalidades de mais ou menos completas alforrias e questionadas as razões pelas quais estas eram concedidas.
Indústria e ambiente no século XIXO desenvolvimento industrial acarretou uma exploração mais intensiva dos recursos naturais e teve consequências ambientais que se traduziram ela poluição dos rios e do ar e pelo desequilibro ecológico de algumas regiões.
Neste artigo a autora tem como objectivo analisar as consequências ambientais resultantes do desenvolvimento industrial, os discursos relativos às consequências que para a população teria a ruptura do equilíbrio ecológico, e as medidas tomadas pelo governos com vista a minorar as consequências negativas que para o ambiente teve o aumento do número de fábricas existentes no país e a utilização mais intensiva dos recursos energéticos.
Portugal e a guerra anglo-boerEste artigo procura demonstrar como o envolvimento de Portugal na guerra anglo-boer ajudou a reforçar a aliança estratégica dos interesses portugueses e britânicos na África meridional. A colaboração prestada pelas autoridades portuguesas às tropas britânicas durante o conflito, embora não tenha sido fundamental para decidir o resultado da guerra, deu um novo fôlego à aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha, concretizado pela assinatura da Declaração de Windsor, em Outubro de 1899. Ao conceder à Inglaterra facilidades em Moçambique, Portugal garantiu ainda a salvaguarda do seu império africano e a integração de Moçambique no novo espaço económico da África do Sul.
Sector vinícola contra a organização corporativaA Federação de Vinicultores do Centro e Sul de Portugal e os grémios concelhios tiveram uma existência curta e atribulada. Com o cruzamento de informação de diversas proveniências, tornaram-se mais claras as origens e os mecanismos de implantação da organização neste importante sector da economia portuguesa. É possível detectar os avanços e os recuos do Estado na intenção de dirigir a vida social e económica de comunidades rurais. Tornaram-se também evidentes as rivalidades entre os funcionários de vários grémios e a Federação. Por fim, questiona-se ainda o ambiente de "paz social" que algumas fontes e alguns autores afirmam ter reinado nos primeiros anos do Estado Novo.
O Historicismo como princípio metodológico do pensamento filosófico de Vasco Magalhães-VilhenaEste estudo tem como objectivo contribuir para a clarificação de algumas incidências metodológicas de um dos elementos mais distintivos das investigações filosóficas de Vaco Magalhães-Vilhena: o interesse que este pensador manifestou pelos problemas da historicidade do pensamento e do conhecimento considerados na sua relação com a prática social. A descrição e análise da evolução do pensamento de Magalhães-Vilhena demonstra que o interesse pela problemática histórica desempenhou um papel de relevo na estruturação do pensamento deste autor desde o início.