Ler História 54 / Maio de 2008


Dossier: A Corte Portuguesa no Brasil

Miriam Halpern Pereira
Apresentação

José Luís Cardoso
A abertura dos portos do brasil em 1808: dos factos à doutrina

Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves
Entre a Lenda negra e a Lenda dourada: Napoleão Bonaparte na óptica dos luso-brasileiros

Maria Batriz Nizza da Silva
A corte no Brasil e a distribuição de mercês honoríficas

Ana Canas
Governar Portugal na Guerra Peninsular: um desafio atlântico

Fernando Dores Costa
Franceses e «jacobinos». Movimentações «populares» e medidas de polícia em 1808 e 1809. Uma «irrupção patriótica»?

Estudos

Eloy Fernandez Clemente
Oliveira Martins nas minas de Santa Eufémia (1870-1874)

João Carlos Graça
Recepções de Malthus no Portugal de Oitocentos

Espelho de Clio

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Sacuntala de miranda (1934-2008)

Resumos

Ler História 54 / Maio de 2008

José Luís Cardoso
A abertura dos portos do Brasil em 1808: dos factos à doutrina

A primeira medida decretada pelo Príncipe Regente D. João quando chegou à Baía em Janeiro de 1808 foi a abertura dos portos do Brasil ao comércio das nações amigas. Para esta tomada de decisão, e para a justificação da sua legitimidade e importância, José da Silva Lisboa desempenhou papel relevante. Este acontecimento oferece testemunho inequívoco de mudanças profundas nas formas habituais de se lidarem e de se pensarem as relações económicas entre a metrópole e a sua principal colónia. Por isso, a explicação dos fundamentos doutrinais e das implicações práticas deste processo de abertura dos portos reveste importância decisiva para a compreensão dos dilemas que se tecem ao longo da permanência da corte portuguesa no Brasil.

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Lúcia Maria Bastos P. Neves
Entre a lenda negra e a lenda dourada: Napoleão Bonaparte na óptica dos luso-brasileiros

Este trabalho propõe a análise da lenda negra e a lenda dourada que Portugal e Brasil elaboraram a respeito de Napoleão Bonaparte ao longo do conturbado período das invasões francesas (1807-1810). Como fontes, privilegia os impressos de circunstância – jornais e panfletos – capazes de evidenciar, sob o choque das novidades que os invasores trouxeram e dos episódios inéditos que ocorreram, o lento desgaste das estruturas tradicionais portuguesas e de acenar para a entrada do país e de seu império na via da política moderna. Para tanto, examina também a trama dos acontecimentos que daí se depreende, a fim de considerá-la como a expressão de um embate entre as forças, ainda activas, do Antigo Regime e aquelas, nascentes, do liberalismo europeu.

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Maria Beatriz Nizza da Silva
A Corte no Brasil e a distribuição de mercês honoríficas

O aumento considerável na concessão de mercês honoríficas durante a permanência da Corte no Rio de Janeiro levou às críticas da imprensa liberal portuguesa em Londres, mas D. João precisou de recorrer a estas recompensas para satisfazer não só os que o tinham acompanhado à nova sede da monarquia, como também os vassalos do Brasil que o tinham ajudado nas dificuldades financeiras.

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Ana Canas
Governar Portugal na Guerra Peninsular: um desafio atlântico

Apresentam-se o quadro internacional e nacional conducente à transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1807: entre o acompanhamento do conflito franco-britânico e a análise das capacidades efectivas de resistência e da política de neutralidade à opção atlântica, em aliança com a Grã-Bretanha. Analisa-se a recriação, no Brasil, da estrutura administrativa central e de governo. Reconstituem-se a reorganização da Regência em Lisboa e o debate sobre o seu estatuto, composição e competências, bem como os circuitos de decisão, no contexto inicial da Guerra Peninsular, da presença britânica e da distância em relação ao soberano.

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Fernando Dores Costa
Franceses e «jacobinos». Movimentações «populares» e medidas de polícia em 1808 e 1809. Uma «irrupção patriótica»?

Nos anos de 1808, 1809 e 1810, homens de origem francesa – e outros estrangeiros tomados por tais – assim como portugueses acusados de serem partidários ou agentes do governo de Napoleão foram perseguidos e presos, de forma tumultuosa, por grupos de “populares” ou objecto de medidas de polícia. Neste artigo apresentam-se alguns resultados preliminares de uma investigação que, motivada pelo problema da definição do “patriotismo” como fenómeno social e como fundamento político, revisita o tema das referidas movimentações, utilizando privilegiadamente a informação produzida pela Intendência Geral de Polícia.

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