Ler História 57 / Novembro de 2009


Dossier: Política e Revolução, 1945-1975

Riccardo Marchi
As direitas radicais no Estado Novo (1945-1974)

Raquel Varela
O impacto da revolução portuguesa de 1974-1975 no PSOE

Estudos

Santiago Martínez Hernandéz
Os Marqueses de Castelo Rodrigo e a Nobreza portuguesa na monarquia hispânica.

Nilton Mullet Pereira
Amor e interioridade no Ocidente medieval: As cansos de Guilherme IX

Mateus H. F. Pereira
A História entre os inimigos do Evento e os advogados da Estrutura

Jaime E. Rodríguez O.
The Hispanic Revolution: Spain and America, 1808 - 1826

Documentos em Estudo

Luísa Tiago de Oliveira e Isabel Gorjão Santos
A ocupação da PIDE/DGS em 1974

Críticas e Debates

Fernando E. Mendonça Fava
Os livros do Regicídio

Recensões

Resumos

Ler História 57 / Novembro de 2009

Santiago Martínez Hernández
AOs Marqueses de Castelo Rodrigo e a nobreza portuguesa na Monarquia Hispânica: estratégias de legitimação, redes familiares e interesses políticos entre a Agregação e a Restauração, 1581-1651

O propósito do presente artigo é retratar a trajectória política dos marqueses de Castelo Rodrigo ao serviço dos Habsburgo espanhóis, especialmente no governo de Portugal. Criada por D. Cristóvão de Moura, o grande privado de D. Filipe I nos últimos anos do seu reinado, a Casa de Castelo Rodrigo converteu-se no máximo exponente da nova nobreza titulada surgida com a génese do Portugal dos Filipes. A família Moura ingressou na aristocracia ibérica graças a uma estratégia de ascensão muito talentosa e inexoravelmente vinculada à agregação da Coroa lusitana à Monarquia Hispânica em 1580 devida à habilidade diplomática de D. Cristóvão. Durante duas gerações os Castelo Rodrigo defenderam, não sem dificuldades, o título de alter ego do Rei Católico no Portugal do Habsburgo.

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Nilton Mullet Pereira
Amor e interioridade no Ocidente Medieval: as cansos de Guilherme IX

Pesquisa sobre a emergência da interioridade na Idade Média, através do estudo das canções do primeiro trovador, Guilherme, duque da Aquitânia. O trabalho propõe-se problematizar a pertinência do conceito de indivíduo aplicado ao medievo e analisar o lirismo amoroso dos trovadores provençais, como uma das formas de interioridade que aparecem, no século XII, no Ocidente Europeu.

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Mateus Pereira
A história entre os inimigos do evento e os advogados da estrutura

No presente texto procuramos refletir sobre a relação entre evento e estrutura ao longo do século XX, enfatizando a historiografia francesa. Haja vista que o evento ganhou, desde os anos 1970, uma nova legitimidade como objeto histórico, procura-se superar a dicotomia entre evento e estrutura presente, por exemplo, na obra de Fernand Braudel a partir das considerações inovadoras de Paul Ricouer e Reinhart Koselleck. Propomos um conceito de evento que poderia vir a ser utilizado pelos trabalhos históricos tendo em vista as reflexões de Michel de Certeau e Marschal Salhins.

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Jaime E. Rodríguez O.
A revolução hispânica: Espanha e América, 1808-1826

A independência da América Espanhola não constituiu um movimento anticolonial, mas provocou parte da revolução política dentro do mundo espanhol e a dissolução da monarquia espanhola. No início da invasão francesa da Península Ibérica em 1808, alguns agentes da monarquia espanhola tentaram transformá-la num estado moderno que incluisse a Europa e a América, introduzindo uma das constituições mais radicais do século dezanove. No entanto, uma guerra civil surgiu na América entre os que apoiavam o novo sistema constitucional e aqueles que insistiam num sistema próprio e independente. A luta resultou na dissolução da Monarquia espanhola e na criação de novas nações.

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Riccardo Marchi
As Direitas Radicais no Estado Novo (1945-1974)

O artigo visa reconstruir a dinâmica histórica das elites intelectuais e dos grupos políticos que, desde o final da segunda Guerra Mundial até à queda do Estado Novo, reivindicam a herança do nacionalismo radical português (desde o Integralismo Lusitano à Acção Realista ao Nacional-Sindicalismo), filtrada pela experiencia das revoluções fascista e nacional-socialista. Esta dinâmica segue o desenrolar histórico das crises do Estado Novo nos seus últimos Trinta anos de vida. O artigo frisa o isolamento e a marginalidade desta subcultura política radical com tentações neofascistas, face à família política mais amplia das direitas salazaristas, não necessariamente de cultura fascista.

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Raquel Varela
O impacto da revolução portuguesa de 1974-1975 no PSOE visto através de El Socialista

A revolução Portuguesa de 1974-1975 teve impacto na vizinha Espanha a nível político e institucional, nomeadamente no movimento sindical, na Igreja Católica e nas Forças Armadas. Neste artigo pretendemos estudar esta influência no PSOE, Partido Socialista Obrero de España, através da análise do seu jornal clandestino, El Socialista. O PSOE teve um papel essencial na negociação que levou aos Pactos da Moncloa, na discussão e aprovação da Constituição de 1978 e na consolidação da Espanha como uma democracia ocidental. Analisaremos assim como é que parte da esquerda espanhola ilegalizada compreendeu e reagiu aos acontecimentos que ocorriam em Portugal entre o golpe que destronou o regime de Salazar e Caetano a 25 de Abril de 1974 e o fim da crise revolucionária a 25 de Novembro de 1975.

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