Ler História 63 / Dezembro de 2012
Dossier: A transição democrática portuguesa: novos contributos historiográficos
Ana Mónica Fonseca e David Castaño
Apresentação
David Castaño
Mário Soares e o sucesso da transição democrática: breves notas
Maria Inácia Rezola
Um Projeto Alternativo de Esquerda. Melo Antunes, os militares e a transição para a democracia em Portugal
Raquel Varela
O Partido Comunista Português e a Esquerda Militar. Contributo para o estudo da Crise Político-Militar na Revolução dos Cravos
Riccardo Marchi
As direitas radicais na transição democrática portuguesa (1974-1976)
Ana Mónica Fonseca
Apoio da Social-Democracia Alemã à Democratização Portuguesa (1974-1975)
Tiago Moreira de Sá
«Quando Portugal contou para a América». Os Estados Unidos e a Transição Democrática Portuguesa
Thiago Carvalho
Transição e Descolonização. As relações entre Portugal e o Brasil (1974-1976)
Dossier: Interdisciplinaridade em acção. Experiências de pesquisa em contextos rurais
Ana Cabana Iglesia
Um sujeito incómodo para um tempo difícil. Atitudes camponesas e franquismo
João Baía
Bairro da Relvinha: memórias de resistência
Dulce Freire
Outras Lentes: a imagem em contextos rurais
Recensões
Resumos
Ler História 63 / Dezembro de 2012
Mário Soares e o sucesso da transição democrática
David Castaño
Portugal viveu um complexo processo de mudança quando em Abril de 1974 foi derrubado o regime autoritário vigente desde 1933. A opção por um regime democrático de tipo ocidental era apenas uma das várias que então se abriram. Dos confrontos entre as diversas forças políticas e militares emergiram vários actores. Neste artigo acompanhamos este processo seguindo as acções de um desses actores, o líder do recém-criado Partido Socialista e desse modo verificar até que ponto as suas acções contribuíram e influenciaram o rumo adoptado pelo país em 1975/1976.
Palavras-chave: Transição; Democracia; Partido Socialista; Mário Soares.
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Um projecto alternativo de esquerda: Melo Antunes, os militares e a transição para a democracia em Portugal
Maria Inácia Rezola
A definição de um novo modelo político constitui uma das linhas de força centrais da Revolução portuguesa (1974-1975). Apesar de o MFA se ter munido de um programa onde se estabelecem as linhas gerais da ordem a instituir, depois de derrubada a Ditadura, a luta política que então se trava rapidamente deixa patentes as suas insuficiências. Neste processo, cujos contornos nem sempre são fáceis de precisar, Ernesto Melo Antunes emerge como uma figura central, enquanto portador de um projecto alternativo de esquerda consignando a «via democrática para o socialismo».
Palavras-chave: Transição democrática; Revolução; Forças Armadas; Ernesto Melo Antunes.
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O Partido Comunista Português e a esquerda militar. Contributo para o estudo da crise político-militar na Revolução dos Cravos
Raquel Varela
Portugal viveu durante a revolução dos cravos uma crise político-militar, cujo epicentro foi a ampliação da dualidade de poderes dentro dos quartéis, depois do MFA ter entrado em crise com a radicalização da situação social e política (ruptura do VI Governo Provisório). Centramo-nos na análise da relação entre os militares, o Estado, o Governo e as mobilizações sociais, entre o final de Agosto de 1975 e 25 de Novembro de 1975, data do golpe que inicia a estabilização do regime democrático-representativo em Portugal. Analisaremos como esta dualidade se desenvolve e vai ser encarada pelo VI Governo Provisório, por um lado, e pelo Partido Comunista, por outro.
Palavras-chave: Partido Comunista Português; Revolução dos Cravos; Militares; Democracia.
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As direitas radicais na transição democrática portuguesa (1974-1976)
Riccardo Marchi
Nos primeiros anos da transição portuguesa, vários actores das direitas quiseram influenciar o novo curso da vida política nacional, quer inserindo-se no sistema através de partidos institucionalizados, quer hostilizando-o através da acção subversiva. Os sucessivos reveses sofridos impeliram estes actores para uma crescente radicalização e actuação clandestina. O presente artigo reconstrói a geografia política destas forças que se posicionaram ou foram posicionadas na extrema-direita do espectro político e analisa os seus objectivos, as estratégias e os êxitos, desde o 25 de Abril de 1974, passando pelo gonçalvismo e terminando com a normalização pós-25 de Novembro de 1975.
Palavras-chave: Transição portuguesa; Extrema-direita; Anticomunismo; terrorismo.
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APOIO DA SOCIAL-DEMOCRACIA ALEMÃ À DEMOCRATIZAÇÃO PORTUGUESA (1974-1975)
Ana Mónica Fonseca
Desde o final da década de 1960 que a social-democracia alemã, não só o Partido Social-Democrata (SPD), mas também a Fundação Friedrich Ebert (FES), procurou desenvolver uma política orientada para a democratização de Portugal. Podemos dizer que essa estratégia foi desenvolvida em dois níveis paralelos. Por um lado, a manutenção de boas relações diplomáticas com o regime português; por outro lado, especialmente após a constatação de que o Marcelismo não iria conduzir a uma liberalização política, o apoio – político, material e moral – à oposição socialista ao Estado Novo. A revolução de 25 de Abril de 1974 acelerou esta política alemã de apoio à democratização portuguesa, beneficiando dos contactos já existentes.
Palavras-chave: Democratização; Social-Democracia alemã; Partido Socialista; Mário Soares.
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Os Estados Unidos e a Transição Democrática Portuguesa
Tiago Moreira de Sá
O golpe-de-estado militar de 25 de Abril de 1974, que derrubou quase 50 anos de ditadura, inaugurou um processo de transição de regime em Portugal que acabou por ser ganho pelas forças que defendiam a instauração de uma democracia representativa alinhada pelo Ocidente.
Este artigo analisa a actuação dos EUA no processo em apreço, procurando identificar os mecanismos de influência privilegiados pelos norte-americanos e a sua importância no resultado final.
Palavras-Chave: Portugal, Estados Unidos, Democratização, Détente
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TRANSIÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO. AS RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E O BRASIL (1974 - 1976)
Thiago Carvalho
Este artigo propõe a análise das relações entre Portugal e o Brasil durante a transição para a democracia a partir de três acontecimentos concomitantes: o processo revolucionário português; o princípio da liberalização política e a inflexão da diplomacia brasileira; e a descolonização na África. O lapso temporal incide, sobretudo, no período que vai de Abril de 1974 a Dezembro de 1976, e a sua escolha decorre da percepção de que os três processos acima enunciadas influenciaram as estratégias de desenvolvimento económico e de inserção internacional dos dois países, bem como o padrão de relacionamento bilateral.
Palavras-chave: Relações luso-brasileiras; Transição para democracia; Revolução; Descolonização.
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