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Ler História 67 / 2014
Dossier: Transformações Culturais no Pós 25 de Abril de 1974
Frédéric Vidal e Marcos Cardão
Apresentação
José Filipe Costa
Em direcção à autoestrada do sul. Estrangeiros e nacionais em trânsito
na Torre Bela
David Welch
O último lançar dos dados. General Ludendorff: moral, «instrução patriótica» e propaganda imperial alemã 1917-18
Marcos Cardão
Pois Claro! Música, política e desejo no Festival RTP da Canção(1975-1982)
Luís Trindade
O «Gosto» do Se7e. Uma história cultural do semanário Se7e(1978-1982)
Ana Bigotte Vieira
NO ALEPH - notas a propósito de uma investigação sobre o Serviço ACARTE da Fundação Calouste Gulbenkian - 1984/1989
Artigos
Jorun Poettering
Reflexões acerca da competitividade das redes comerciais judaico-portuguesas do século XVII
Ivo Coser
O conceito de Partido no debate político brasileiro 1820-1920:
continuidades e rupturas
Gabriel Ribeiro
Minoria branca, anti-portuguesismo e herança colonial em Moçambique
Ivo Veiga
A 5.ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças Armadas no processo revolucionário português. Modelos, apoios e antagonismos
Em Debate
Guya Accornero
O «25 de Abril»: uma revolução nas ciências sociais
Sónia Vespeira de Almeida .
O 25 de Abril na Antropologia portuguesa 40 anos depois: trajecto das invisibilidades e visibilidades
José Alberto Tavim
Peter Mazur, The New Christians of Spanish Naples, 1528-1671: A Fragile Elite, Basingstoke, Hampshire, Palgrave Macmillan, 2013
André Fernandes
Miguel Suárez Bosa, Atlantic Ports and the First Globalisation, c.1857-1929, Cambrige Imperial and Post-Colonial Studies Series (col.), Palgrave MacMillan, 2014
Célia Reis
John M. Mackenzie, European Empires and the People: Popular responses to imperialism in France, Britain, the Netherlands, Belgium, Germany and Italy, Manchester, Manchester University Press, 2011
Eduarda Rovisco
Dulce Simões, Frontera y Guerra Civil Española: Dominación, Resistencia y Usos de la Memoria, Badajoz, Diputación Provincial de Badajoz, 2013
Virgínia Baptista
Exposição - Visitação. O Arquivo: Memória e Promessa
Resumos
Ler História 67 / 2014
Em direcção à autoestrada do sul. Estrangeiros e nacionais em trânsito
na Torre Bela
José Filipe Costa
Na ocupação da herdade da Torre Bela em 1975, no Ribatejo, parti-
ciparam nacionais e estrangeiros, locais e citadinos, trabalhadores rurais
e intelectuais. Não foi apenas a equipa internacional do realizador ale-
mão Thomas Harlan que, ao filmar o documentário
Torre Bela
(1975), ali
marcou o fluxo dos acontecimentos. Os cruzamentos dos que vinham
«de fora» com os ocupantes que moravam nas redondezas da herdade,
geraram questionamentos sobre classificações de classe e de género e
engendraram experiências de deslocamentos sociais. Neste artigo se-
rão traçados alguns destes casos exemplares que poderão ser enqua-
drados naquilo que Kristin Ross denomina de experimentos políticos de
desclassificação.
Palavras-chave
: cinema, práticas culturais, PREC, Torre Bela.
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Pois Claro!
Música, política e desejo no Festival RTP da Canção (1975-
-1982)
Marcos Cardão
A música popular assumiu um papel determinante na história con-
temporânea portuguesa, deixando a sua marca, por exemplo, nas se-
nhas musicais que desencadearam o golpe militar de 25 de Abril de
1974. Partindo do princípio que as representações e os discursos as-
sociados à música popular não são independentes de determinações
históricas, neste artigo pretende-se examinar como o Festival RTP da
Canção reflectiu, narrou e contribuiu para transformar a situação política
e cultural portuguesa após o 25 de Abril de 1974. O objectivo é descre-
ver e interpretar um conjunto de temas que, tanto do ponto vista poéti-
co, sonoro como performativo, foram sintomáticos das transformações
político-culturais que ocorreram em Portugal na passagem da década de
1970 para o início dos anos 80.
Palavras-chave:
música popular portuguesa, cultura de massas,
nacionalismo, transformações culturais
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O "Gosto" do Se7e. Uma história cultural do semanário Se7e (1978-1982)
Luís Trindade
Este artigo procura narrar o modo como o semanário
Se7e
, durante os
seus primeiros anos de publicação (1978-1982), respondeu a transformações
sociais e à emergência de novos públicos urbanos, por um lado, enquanto
simultaneamente serviu como um espaço de crítica ao valor e sentido dessas
mesmas transformações. Pelas suas páginas, é possível verificar a crise de
formas culturais mais politizadas vindas do período revolucionário e a irresis-
tível imposição de uma nova hegemonia do audiovisual, e da televisão em
particular. Pelo meio, o jornal serve ainda de documento, e veículo de promo-
ção, do nascimento de novas formas e sujeitos culturais.
Palavras-chave
: cultura popular, distinção cultural, televisão, jornalismo
cultural.
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NO ALEPH - Notas a propósito de uma investigação sobre o Serviço ACARTE da
Fundação Calouste Gulbenkian - 1984/1989
Ana Bigotte Vieira
NO ALEPH reúne um conjunto de notas a propósito de uma investigação
sobre o
Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte
/ ACAR-
TE da Fundação Calouste Gulbenkian - 1984/1989, direcção de Madalena
Perdigão. Fragmentário, o texto salta da análise de um certo esgotamento
da ideia de futuro, para as múltiplas aberturas de um Abril que tanto aparece
comprimido como distendido no tempo, projectando-se em arcos cronoló-
gicos mais longos. Este é o caso do Complexo Gulbenkian, à Av. de Berna,
em Lisboa, onde se insere o CAM e o ACARTE. Com uma actividade serial
característica de um museu onde séries de eventos se sucedem e são parte
integrante de um tipo de sociabilidade emergente, propõe-se um entendi-
mento do ACARTE no cruzamento das noções de heterotopia e complexo
exibicionário, usando como imagem o ALEPH de Jorge Luís Borges. Palavras-chave
: museu, moderno, Gulbenkian, anos 1980.
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Reflexões acerca da competitividade das redes comerciais judaico-portugue-
sas no século XVII
Jorun Poettering
As redes comerciais dos judeus portugueses geralmente são vistas
como singularmente vastas, dinâmicas e eficazes. Devido à sua base étnica e
religiosa comum, os judeus portugueses e os cristãos novos teriam comparti-
lhado laços de simpatia e solidariedade extraordinários que teriam beneficia-
do os seus negócios. No entanto há uma série de argumentos que põem em
causa esta alegação, sugerindo, pelo contrário, que os judeus portugueses
tiveram que enfrentar obstáculos maiores que os mercadores cristãos e que
suas redes comerciais eram mais frágeis. Palavras-chave:
Judeus portugueses, redes comerciais, Hamburgo, mi-
noria étnica.
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O conceito de Partido no debate político brasileiro 1820-1920: continuidades
e rupturas
Ivo Coser
O artigo analisa a partir do debate político brasileiro o conceito de par-
tido entre 1820-1920. Discute os motivos pelos quais partido e facção foram
entendidos como sinônimos e a sua distinção. Situa a distinção entre os dois
termos no período Imperial, apontando para a compreensão de que os par-
tidos seriam movidos por temas nacionais enquanto que as facções seriam
movidas por interesses locais. O artigo aponta que tal distinção esteve anco-
rada num sistema político que deveria depurar os interesses locais e particu-
lares. Esta distinção foi cancelada na 1.ª República quando os partidos foram
entendidos como agrupamentos reunidos em torno de personalidades, sem
princípios e voltados para os interesses particulares.
Palavras-chave:
partido, facção, Primeira República brasileira, Nação.
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Minoria branca, anti-portuguesismo e herança colonial em Moçambique
Gabriel Ribeiro
O artigo analisa a centralidade da herança colonial no processo de in-
serção da minoria branca de origem europeia na sociedade moçambicana
da atualidade. As atitudes favoráveis da maioria negra em relação à minoria
branca tendem a ser mais salientes no pensamento de senso comum do
que as atitudes desfavoráveis, sendo a minoria branca representada, ao nível
das relações raciais, como marcadamente distinta do que fora no período
colonial. Outro fenómeno analisado é o do anti-portuguesismo, sintoma da
vulnerabilidade da minoria branca naquela sociedade pós-colonial maiorita-
riamente negra.
Palavras-chave: África, colonização, Moçambique, racismo.
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A 5.ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças Armadas no processo revo-
lucionário português. Modelos, apoios e antagonismos
Ivo Veiga
Após o
golpe de estado
de 25 de Abril de 1974 os militares tornaram-
-se centrais no desenho de um novo regime. O presente artigo centra-se na
análise de um grupo militar, a 5ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças
Armadas, através do Boletim do MFA, pretendendo esclarecer o seu projec-
to político. Com o objectivo de avaliar o seu impacto na sociedade política
examina-se a sua consonância e discordância com as posições dos partidos.
A análise situa-se ao nível da enunciação mas também considera o ciclo da
situação revolucionaria. Palavras-chave
: Portugal Contemporâneo, democratização, situação
revolucionária, relações militares-civis.
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